Tuberculose no Brasil e no mundo: mortes em 2014 e 2023

A tuberculose no Brasil e no mundo continua sendo um dos principais desafios de saúde pública. Apesar dos avanços nas estratégias de controle da doença, a mortalidade por tuberculose apresentou variações significativas na última década, impactadas por fatores estruturais, desafios no sistema de saúde e a pandemia de COVID-19. Este artigo analisa a evolução das mortes por tuberculose entre 2014 e 2023, com ênfase nas tendências globais e nacionais.
Mortalidade global por tuberculose
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou aproximadamente 1,5 milhão de óbitos por TB globalmente. Apesar de um declínio gradual nos anos seguintes, a pandemia de COVID-19 reverteu esse progresso, impactando significativamente o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Em 2023, a TB voltou a figurar entre as principais causas de morte por doenças infecciosas, com cerca de 1,25 milhão de óbitos registrados mundialmente.

Em 2014 1.689.693 pessoas morreram de qualquer forma de tuberculose (incluindo TB-DR ou coinfecção TB-HIV) no mundo.

Em 2023 1.218.861 pessoas morreram de qualquer forma de tuberculose (incluindo TB-DR ou coinfecção TB-HIV) no mundo.
Tuberculose no Brasil: evolução da mortalidade
Os dados nacionais evidenciam uma tendência preocupante:
- 2014: 4.421 óbitos registrados (coeficiente de mortalidade: 2,18 por 100 mil habitantes)
- 2022: 5.845 óbitos registrados (coeficiente de mortalidade: 2,72 por 100 mil habitantes)
- 2023: 5.120 óbitos estimados (coeficiente de mortalidade: 2,40 por 100 mil habitantes)
Entretanto, alguns levantamentos paralelos indicam um número ainda maior de óbitos em 2023, chegando a cerca de 13.000 casos, evidenciando possíveis subnotificações nos sistemas oficiais.

Em 2014: O Brasil registrou aproximadamente 7.400 mortes por tuberculose.

Em 2023: O número de mortes por tuberculose no Brasil aumentou para cerca de 13.000 mortes, o que representa um aumento significativo no número de óbitos.
Fatores determinantes para o aumento da mortalidade
1. Impacto da Pandemia de COVID-19
A crise sanitária da COVID-19 prejudicou os serviços de saúde pública, resultando na:
- Redução do diagnóstico precoce da TB devido à sobrecarga hospitalar.
- Interrupção de tratamentos, comprometendo a adesão à terapêutica.
- Aumento da vulnerabilidade de pacientes coinfectados com SARS-CoV-2.
2. Diagnóstico Tardio e Resistência aos Medicamentos
A demora na identificação da TB ainda é um problema significativo no Brasil. Além disso, observa-se um crescimento preocupante nos casos de tuberculose multirresistente (TB-MDR) e extensivamente resistente (TB-XDR), dificultando o sucesso terapêutico e elevando as taxas de mortalidade.
3. Coinfecção Tuberculose-HIV
A tuberculose é a principal causa de morte entre pessoas vivendo com HIV/AIDS. Apesar da expansão do acesso a medicamentos antirretrovirais no Brasil, a alta carga de coinfecção agrava o prognóstico da TB, aumentando o risco de óbito.
4. Desigualdades no Acesso ao Tratamento
A heterogeneidade no acesso à saúde afeta significativamente as regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde as condições socioeconômicas e a infraestrutura limitada dificultam a prevenção e o controle da TB. Estados como Amazonas e Maranhão apresentam coeficientes de mortalidade acima da média nacional.
Estratégias para Redução da Mortalidade
Para enfrentar o aumento das mortes por tuberculose, algumas medidas são fundamentais:
- Fortalecimento dos programas de rastreamento e diagnóstico precoce, com ampliação do acesso a testes rápidos.
- Expansão do uso de novas terapias para TB resistente, reduzindo o tempo de tratamento e melhorando a adesão dos pacientes.
- Melhoria da integração entre os programas de TB e HIV, garantindo tratamento simultâneo eficaz.
- Investimento na infraestrutura de saúde, especialmente em regiões com maior incidência da doença.
- Campanhas de conscientização para reduzir o estigma e promover a adesão ao tratamento.
O aumento das mortes por tuberculose entre 2014 e 2023 reflete desafios estruturais do sistema de saúde brasileiro e os impactos negativos da pandemia de COVID-19. A resistência aos medicamentos, a coinfecção com HIV e as desigualdades regionais exigem uma resposta integrada e eficaz para conter a progressão da doença. O fortalecimento das políticas públicas, aliando prevenção, diagnóstico rápido e acesso universal ao tratamento, é essencial para reduzir a mortalidade e controlar a tuberculose no Brasil e no mundo.
Fontes:
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